Sinopse

Ponto de Encruza

Elenco

Preparação

Me preparo sacando meu caderno e rabiscando sempre fluxo de pensamento, tento fazer com que não vejam que estou escrevendo, é difícil ser vista.

Percebi que tenho mania de narrar coisas antes de chegar nos pontos que sei que quero chegar. Acho que isso me faz às vezes desistir de tudo precocemente por não ter coragem de seguir firme ou por me perder nas histórias. Por não chegar nunca em ponto algum, vim para terra do meu avô para escrever sobre minha avó. Era impossível pensar e decidir sobre o futuro de onde eu estava. O futuro estava (era) só a viagem (para o mar de cabo verde) para aprender ~persistentemente~ novos caminhos para seguir.

“Você é a fluidez em pessoa”. Parto de experimentar fluxos de pensamentos e os observo escorrer pelo meu corpo. Tenho me perguntado muito sobre o tempo…causa irritação ter que lembrar e continuar sem muitas respostas. Fragmentos.

Imagino alto mar, nada à vista e eu estou submersa sem chão para os pés, numa sensação de estar sempre afogando, tentando salvar a mim e meus processos.

Seguro a mão nas histórias contadas pelos meus ancestrais e tento criar caminhos e aprender a falar. Por um caminhar lento me vejo passar:

1 Pontos de partida: ancestralidade (a história dos meus pais e avós) e corpo presente (falas de si, minha própria história);

Existe apenas uma coisa que me faz pensar que minha infância acabou: concluir que a família não é perfeita como pensava ser e entender meus pais que às vezes falham em proteger. Começo a pensar este inventário por algo que tenho entendido como um dos fins da minha vida. É contraditório pensar no passado, uma vez tentei e deu trabalho de mais, um mar de saudades. Penso em ver também como um começo que motiva ocupar memórias de grandes histórias para o futuro.

Entre pontos: As memórias vêm segmentadas…ando pelo chão de concreto da primeira casa, pela terra e cacos de mato do terreno do lado, no carpete do meu quarto, no banco da perua escolar que durava horas e horas, pelo asfalto das ruas que esfolavam todos os meus joelhos, nas areias das calçadas, no piso argiloso/ceramizado da escola, pelo piso frio da casa nova, pela rua nova, do mato novo e as histórias parecem não se misturar. Lembro sempre em partes…da família por parte de mãe e da parte de pai, que em partes morria aos poucos, e em partes vivia do outro lado do oceano. saudades.

2 Ponto de chegada: quando é que começo a falar?